Para entender esse movimento fora do Rio Grande do Sul, a Forbes conversou com a especialista Suzana Barelli, jornalista que escreve e acompanha há 20 anos esse mercado. Suzana foi pioneira entre as mulheres.
Além dos vinhos brasileiros, ela acompanha o movimento global do mercado de países importantes na produção da bebida, entre eles França, Itália, Espanha, África do Sul, Portugal, Chile, Argentina, Uruguai e Estados Unidos.
Confira o que diz Suzana Barelli:
Qual a importância de um prêmio desse porte para o Brasil?
O Decanter World Wine Awards é um concurso conceituado e isso sempre ajuda a dar credibilidade ao vinho. Antes da Decanter, o Sabina também foi considerado o melhor tinto brasileiro pelo guia Descorchados, do chileno Patricio Tapia. Assim, o vinho vai conquistando o seu espaço e mostrando consistência.
O que essas vinícolas da região do Sudeste têm de especial em seu terroir?
Mais do que o terroir, que ainda pouco se conhece nesta região da Serra da Canastra o interessante é a técnica de cultivo. Tanto o Sabina, como o outro tinto brasileiro que também teve medalha de prata, porém com 91 pontos (o sabina teve 92), são elaborados com a mesma técnica de cultivo. Um dos problemas para o vinho brasileiro é que por aqui chove na época em que as uvas estão quase prontas para serem colhidas, tornando-as mais diluídas e suscetíveis a doenças.
Na região sudeste, os invernos são marcados por dias quentes e manhãs/madrugadas bem frias, que proporcionam uma grande amplitude térmica, que as uvas adoram para amadurecer com maior complexidade. E não tem as chuvas do verão. É esta técnica, ainda relativamente recente, a principal razão do sucesso destes vinhos. Por enquanto, a variedade tinta syrah é a que melhor se adapta a esta técnica.
Em que medida esse vinho mostra o trabalho de campo do produtor?
O trabalho de campo da Sacramento ainda é recente, mas sei que eles estão contratando um especialista internacional em terroir. A ideia da família produtora é entender melhor as características da região, definir as melhores variedades e os eventuais ajustes necessários. Ainda há muito a aprender com esta técnica, desenvolvida por Murillo Regina, que foi pesquisador da Epamig e é uma referência para quem quer cultivar uvas no Sudeste (e o interesse de empresários aqui é crescente). Uma questão é qual será a vida útil das videiras, já que elas passam por uma poda a mais todos os anos.